Não há maldade, não há problema, não há erro que nos deixe ser menores, mas creio e estou aprendendo que algumas pessoas são mais espertas em determinados assuntos do que nós, assim como em outros podemos saber um pouco mais que outros... Isso não nos faz melhores, maiores do que outros e sim nos diferencia em algumas coisas.
Não sou ruim por ter um cabelo feio, um pé gordo, uma roupa pouco requintada, uma bolsa mais velha, ou por não possuir a atenção desejada. Não sou ruim por ter uma família que bebe demais, que fala demais, um irmão mais individualista do que o restante, uma mão que se acha santa e faz o impossível para transportar uma imagem de família perfeita, um tio chato, um avô rabugento, uma tia que não acredita em casamento, uma prima que come demais e outra que come de menos, uma meia irmã que deseja ser a mulher e mãe perfeita e muito menos por ter um pensamento totalmente egocêntrico onde quero ser o centro das atenções, onde busco ser admirada pelas minhas atitudes e que acredito que apenas através de sacrifícios dolorosos merecemos a vida eterna.
Nasci e sou de uma família onde o TER QUE é condição para aprovação. Fingimos não gostar de coisas boas, que nos dão prazer, simplesmente por nos dar prazer. Fingimos não ligar para dinheiro e para os bens, nos diferenciamos dos outros dizendo que somos privilegiados por sermos assim... Valorizarmos o SER é mais importante do que o valorizado TER, mas quando algum de nós não TEMOS o que desejamos reclamamos, choramos, colocamos a culpa em tudo e em todas e até mesmo a fé abala a estrutura. Creio que o chão onde construímos nosso castelo tem mais areia que concreto, tem mais trincas do que reboques e em qualquer momento BUUUUM vai desmoronar.
Somos muito vistos e pouco observados, muito julgados e pouco amados principalmente por aqueles que desejamos. Temos uma fé utópica e moralista onde encenamos ser o que queremos e não o que somos de verdade. Moralistas vivendo um mundo onde se prega a moralidade que é pouco praticada.