Morrer ou Viver? Comer ou Não Comer?

Depois do diagnóstico muitas coisas mudaram e ao mesmo tempo uma onda de confusão, medo e incapacidade invadiram minha casa, não porque isso esta no comando de nossa vida, mas porque deixamos chegar ao ponto que esta por medo de enfrentarmos isso mais para frente. 

Com os meus pais mostrava uma normalidade, pelo menos tentava transmitir uma tranquilidade com tudo. Ficamos mais juntinho, até vimos filme no quarto ao invés da novela das nove (e aqui em casa isso é uma grande evolução) 

Acredito que neste momento a presença de cada me basta para sorrir e me dar forças para progredir.

Com o meu noivo acabo desabafando mais, não só sobre tudo que tem me acontecido, mas sobre meus sentimentos, medos. Com ele consegui chorar e tive a coragem de expor um pouco mais os meus pensamentos sobre morte, impotência, culpa, arrependimentos... Por saber que era muito mais grave do que poderia imaginar me assustou! Pensar que na minha mente existe uma luta contra ela mesmo, e ainda por algo que desejo ser me fez voltar para dentro de mim e repensar. 

Meu noivo pouco falava, ouvia e ficava mudo, mas sempre pedindo para que eu pensasse positivo. Fiquei feliz pela atitude porque por mais que ele não saiba lidar com a situação não me colocou como vitima e sim como a única que poderia escolher viver e seguir adiante! Isso por mais que doesse era real, e eu tinha que escolher viver ou desistir.

Foi uma noite difícil e chorosa, há muito tempo isso não acontecia, e sem pensar comecei a ter uma atitude diferente da que esperava!

Não sei se um dia já pensaram assim, mas quando eu ouvia sobre alguém que morria com este tipo de doença não me assustava, na minha cabeça pensava "Pelo menos morreu magra, morreu feliz" e quando percebi que aquela mesma pessoa poderia ser eu vi que o que eu pensava era totalmente errado... Ela não morreu feliz, porque por mais magra que estivesse ela não se via assim.

A partir dai que percebi que tinha muito mais o que fazer na terra, que sou longe de ser anjo para morrer e não escolheria o caminho do suicídio pela beleza ilusória, não quero e vou lutar para que este mal seja descoberto e arrancado de minha vida e assim poder ajudar muitas e muitas mulheres que possuem essa infelicidade de conviver sempre desejando ter e ser aquilo que não são.



Fiz a minha primeira sessão de acupuntura. O trabalho foi apenas de energização, ela liberou no meu corpo endorfina para dar animo, disse que quando o nosso nível de estresse é muito grande ele libera muita níveis altos de adrenalina onde fermentado com minhas moléculas quebram a endorfina e a sensação de bem estar vai embora.

Já me sinto mais animada e esta madrugada me emocionei que pela primeira vez senti fome! Mesmo não conseguindo comer tanto houve mudanças em mim e no meu organismo de forma positiva. Amanhã conhecerei uma outra psicóloga, estou torcendo para que consigamos nos entender para inciar o tratamento logo.

Ela não é totalmente voltada esses casos, mas possui um currículo abrangente nesta área.

Um dia de cada vez, cada minuto de mudança vale muito para aquele que se esforça em ser e viver feliz apesar dos problemas.