Primeiro dia da psicóloga estava super ansiosa, fui junto com a minha mãe até o Tatuapé para nos encontrar. O grande lema do psicólogo é que os dois precisam se entender, como um emprego, um namoro sabe? Afinal tenho que me identificar com ela para contar tudo que se passa dentro de mim e descobri o que se esconde de bom e de ruim nos meus pensamentos e coração. Não sabíamos se nos daríamos bem, mas esperava que sim.
Ao chegarmos fomos muito bem recebidas, também estava mais disposta e com muita energia física por conta da endorfina liberada pelas agulhinhas mágicas da acupuntura rs. Tinha forças para dizer e continuar lutando. Minhas cobranças, minhas esperanças sempre depositadas em Deus, mas quando perdemos a disposição a oxigenação do cérebro fica menor e os nossos pensamentos além de lentos começam a nos pregar peças, a nos desmotivar.
Ela não era do jeito que imaginava, nem do tamanho nem a cor de cabelo, mas me fazia perguntas, me analisava de forma única e humana. Os olhos delas são expressivos e ao conversamos senti que ERA ELA! Eu a queria e bastava a reciprocidade ser a mesma para mais um passo ser dado.
Na nossa conversa contei sobre os últimos acontecimentos da minha vida, sobre minha ansiedade em resolver tudo de uma vez, sobre o meu noivado, as mudanças e brigas aqui em casa e logo na primeira consulta já ouvi verdades duras e necessárias para o início de um grande processo.
Ela não queria me ver apenas uma vez na semana e sim duas vezes na semana, dispensou o psiquiatra de primeiro momento, mas deixou claro que se sentisse necessidade me encaminharia.
O mais interessante eh que por mais que o foco tenha sido a anorexia ela não exaltava isso, queria saber de mim, de minhas experiências e de tudo que estava acontecendo... O meu noivado, a minha profissão e a medida que eu ia falando e ela sentia a necessidade de fazer outras perguntas fazia além de dar posicionamento diante de nossa conversa. Não opiniões, mas revisar tudo que falei e da forma que ela compreendeu.
Estava a vontade! Tudo que me disse foi duro, mas decidi encarar e confiar e assim foi a minha avaliação. Na busca por Deus enfrentei meu orgulho para perceber que sozinha não poderia mais seguir... Por mais que quisesse em momentos foge de nosso controle e sabedoria não controlo aquilo que penso, vejo e nem mais as minhas vontades.
Sei que um grande passo foi dado quando aceitei a doença que tenho. As mudanças começam a partir da aceitação. Nos encontramos com a nossa verdade! O noivado catalisou tudo isso, mas percebi que ele não era o culpado e sim o instrumento de salvação, o meu grande medo é sair de casa, é crescer... E tudo foi uma escolha! Me desvincular do que me mima não eh uma escolha que fazemos sem pensar, e sim uma por amar o outro, desejar um futuro com ela para sua vida e dar frutos de novas gerações.
Partimos daí... E meu coração por mais dolorido esta em paz por saber que estou fazendo tudo que posso e mais do que posso para permanecer viva lutando pelo meu sonho, que hoje já não é mais casar e sim sobreviver para que outros se realizem.