Lendo e buscando respostas para entender alguns comportamentos e medos que tenho encontrei uma reportagem feita pela Michelle Rangel, Psicóloga do Serviço de Saúde do TRT, onde consegui esclarecer mais do que nunca algumas reações e visões que tenho com o mundo e com os outros.
Os relacionamentos são fundamentais em nossa vida. Ao chegarmos ao mundo logo iniciamos um relacionamento com nossa mãe e, a partir dele , fixaremos os padrões de conduta e normas que vão determinar todos os outros relacionamentos de nossa vida. Logo a importância do relacionamento afetivo entre mãe-filho começa desde cedo, no nascimento, e a qualidade desse é fundamental para o desenvolvimento do psiquismo e para formação da personalidade da criança.
Os bebês precisam de afago, aconchego, acolhimento e apego com alguém que os complete e que satisfaça suas necessidades : geralmente a mãe (ou outra pessoa que faz o papel da mãe). Inúmeras pesquisas mostram que bebês que não tiveram contato físico têm maior risco de adoecer e até de morrer. Nesta visão, a relação mãe e filho é compreendida como uma relação indissociável e ninguém discute o quanto um é indispensável para o outro.
Durante a gestação, parto e pós-parto, as emoções, preocupações e sentimentos da mãe são influenciados por vários fatores tais como: as experiências passadas da mulher com sua mãe, os padrões culturais, o contexto em que a gravidez acontece e a qualidade do vínculo com o pai da criança. Tudo isso vai contribuir na formação saudável ou não do vínculo afetivo mãe-filho.
A formação do vínculo inicia-se , principalmente, através do contato corporal e do significado simbólico que a mãe dá a este contato . Assim, o relacionamento com a mãe se torna principalmente qualitativo. Não importa apenas dar o seio, o que importa é como o seio é dado e como as solicitações são atendidas, ou seja, não se está incorporando apenas o leite da mãe, mas também sua voz, seus embalos, suas carícias.
É durante a amamentação que se estabelece uma ligação mais íntima entre a mãe e o bebê, satisfazendo de modo mais amplo as necessidades emocionais de ambos, oferecendo ao bebê uma maior garantia do equilíbrio interno. A satisfação da necessidade biológica através do leite materno dá lugar a experiência de satisfação que é interiorizada pela criança, ficando associada à imagem da mãe e ao movimento que permitiu a descarga. Em conseqüência dessa associação, surge o impulso psíquico (desejo). Tais experiências de satisfação serão interiorizadas fundando o mundo interno, adquirindo assim no desenvolvimento da criança um “valor”- motivando, estruturando, organizando, ou, ao contrário, causando um efeito traumatizante, por vezes, desorganizador do aparelho psíquico.
O mundo da criança vai se construir segundo a realidade das relações interpessoais, mas a realidade interna da mãe é o primeiro mundo que é oferecido, ou seja , a criança vai entendendo o mundo por meio daquilo que a mãe lhe passa.
As experiências afetivas nos primeiros anos de vida são caracterizadas por intensas mudanças e o afeto é indispensável ao desenvolvimento harmônico da pessoa. Estamos falando da singular complexidade do desenvolvimento psico-emocional do ser humano.